SELEÇÃO DE VÔLEI DE PRAIA: Um reforço para a Tropa de Elite das areias
Nesta semana, o BOPE fez uma ronda no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, em Saquarema (RJ). Frente a frente, o ex-comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais e uma outra Tropa de Elite, a seleção masculina de vôlei de praia. A convite da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), o coronel Pinheiro Neto fez uma palestra para jogadores e comissão técnica reforçando todos os valores do trabalho em equipe, o que norteia uma corporação e também o esporte.
Um dos responsáveis por reestruturar o BOPE, onde trabalhou por 15 anos, e chefe do Estado Maior Geral Operacional da Polícia Militar do Rio até pouco tempo, o coronel Pinheiro Neto desenvolve, atualmente, um trabalho acadêmico que busca dar uma visão de como uma equipe atinge o alto rendimento. Assim que soube que falaria para atletas do esporte brasileiro que sempre trouxe medalhas olímpicas para o Brasil, sentiu-se envaidecido e empolgado com a oportunidade e a troca de experiências.
“O objetivo é traçar um paralelo entre equipes de alto rendimento e quais os aspectos que levam um grupo a se tornar de elite. Usamos o BOPE como um laboratório para isso, buscando passar o que o levou a um padrão de excelência, por que se tornou uma referência. É uma unidade que tem um rendimento muito elevado, que serve como base de estudo, como uma experiência operacional. E vi muitas semelhanças com esses atletas de alto nível da seleção. Foi bem interessante”, relatou.
No caso da seleção masculina, a técnica Letícia Pessoa pode até ser comparada ao protagonista do filme “Tropa de Elite”, eternizado como Capitão Nascimento. Não exatamente pela linha dura, mas pela voz de comando, que já foi responsável por conduzir duas duplas ao pódio em Jogos Olímpicos, o grande foco na carreira de um atleta. A palestra para a sua turma encheu os olhos da treinadora.
“Sempre procuro pessoas que possam passar experiências como essa para os atletas. Foi muito gratificante e proveitoso. Foram transmitidos valores de equipe como os nossos, que dizem respeito à confiança, união, companheirismo, comprometimento e liderança, o que tem tudo a ver com o esporte. E o tempo todo ele deu exemplos lincando com a nossa realidade nas areias”, afirmou Letícia.
De tão interessante, ninguém pediria mesmo para sair. Em quase três horas de bate-papo, a interação chamou a atenção, tamanha a curiosidade dos atletas em conhecer mais a fundo a história do BOPE e sua excelência em trabalho em equipe. Afinal, ali, missão dada é missão cumprida. Uma frase, aliás, que o experiente Emanuel, ouro em Atenas/2004, prata em Londres/2012 e bronze em Pequim/2008, sempre levou a sério.
“A preparação sob pressão não deixa de ser parecida com a de um atleta que quer chegar bem a uma Olimpíada. Aprendemos um pouco mais sobre o que podemos melhorar para seguir adiante, diante de várias adversidades. Tivemos a visão de como um soldado é escolhido para entrar no BOPE e de como é intensa sua preparação. Minha intenção, por exemplo, era entender exatamente isso, como se dá essa seleção e como é esse desenvolvimento lá dentro. Foi uma experiência muito bacana”, disse.
Palestra também aborda a gestão do erro
Como forma de enriquecer ainda mais o debate, o coronel Pinheiro Neto fez questão de levar o médico-cirurgião Alfredo Guarischi para palestrar sobre um assunto diretamente ligado às operações especiais e ao esporte: a gestão do erro. Há seis anos trabalhando com o BOPE, o especialista em analisar o erro humano foi pontual no seu discurso, buscando lições que são comuns no esporte.
“Procurei passar para eles que o erro é normal, é inerente à condição humana, mas o que não pode acontecer é o dano, que é a consequência. É fundamental separar o erro do dano. Se lá atrás, por exemplo, o atleta não admite que errou, dificilmente vai chegar ao acerto, falhas vão se suceder. O Bernardinho é um bom exemplo para ser citado aqui, já que ele briga ponto a ponto, para tentar evitar que aquela falha se repita e que o atleta fique ligado e saiba o que tem de ser feito. São ferramentas da psicologia”, comentou.
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