LIGA NACIONAL: Descendente de imigrantes africanos tem bolsa de estudos graças ao vôlei

Todo dia o jovem de 19 anos Aboubacar Dramé Neto percorre 200km para encontrar seu sonho. O estudante do segundo período do curso de Administração da União Pioneira de Integração Social (UPIS), do Distrito Federal, divide sua rotina de estudos com as do treino. Ele, que joga desde os oito anos por influência das irmãs, é um dos atletas do time do Planalto Central que disputa esta semana a Fase Final da Liga Nacional, em Maceió (AL).
Abouba, como é chamado pelos companheiros de equipe, é filho de imigrantes do Mali. O país do Noroeste africano, que é um dos mais pobres do mundo, não possui nenhuma tradição no voleibol. Já que o esporte não é o forte na terra dos seus pais, o rapaz afirma que o melhor aspecto da cultura malinesa é a comida.
“Meu pai faz um molho de amendoim muito gostoso. Eles vieram há uns 25 anos. Meu pai trabalhava na Embaixada brasileira em Bamako (capital do país africano). Depois foi transferido para trabalhar na Embaixada do Mali em Brasília”, conta o atleta, que faz o caminho entre a casa em que mora com a família, na cidade satélite de São Sebastião (DF), e a universidade quatro vezes por dia, num vaivém de 200km.
“Eu acordo e vou estudar. Volto para casa, almoço e depois vou novamente para a Universidade treinar. Às vezes tenho aula de noite e fico direto”, diz.
E este sacrifício se justifica. Aboubacar é bolsista da UPIS em razão de seu desempenho no voleibol. “Fiz um teste no início do ano. Fui aproveitado e desde então estou no time. Eu amo o vôlei, quero, de verdade, ser jogador profissional, mas não posso me esquecer dos estudos”, declara o ponteiro que fez sua estreia na Fase Final da Liga Nacional na derrota do UPIS para o FME/Içara Escuri (SC) por 3 sets a 0.
A Liga Nacional é uma competição que envolve clubes de todas as regiões do Brasil. A Fase Final acontece de 26 a 30 de agosto em Maceió, e reúne os vencedores de cada um dos cinco grupos regionais e uma equipe anfitriã.